Espiral do agora
No tiquetaquear do relógio,
o tempo se esvai
devagar,
sem pressa.
O divagar em sonhos se faz.
No giro dos ponteiros,
o hoje se constrói
e se desfaz.
O peso que carrego
fere os ombros,
machuca a alma.
Grãos da ampulheta caem,
não voltam mais.
A cada minuto,
o passado se constrói.
Portas se fecham,
oportunidades perdidas,
escolhas não feitas.
Vividas.
O tempo escorre
e me inspira.
A angústia revela:
ilusões vividas
numa espiral dual —
passado e presente.
Na leveza do efêmero,
revelo o peso do porvir
Resta apenas
o vir a ser.
E nada mais.