HIPOTENUSA DO ESQUECIMENTO
Só o passado nos é seguro
Ah! Se pudéssemos soltá-lo...
Dor calada tão de repente
Perfaz em mim, violentamente
Esse Universo Solitário
...Ausência e lamento...
Ao controle do Grande Ditador
É também Noite Escura
É Forasteira à qualquer hora
E o mundo chora
Torturado, muito embora
Nada saber, tudo pressentir
É Espírito se consumindo
É o céu que está caindo
É busca incerta por paz
E nesse caos total consciente
Eterniza-se em mim o insurpreendente
Trapezóide inofensivo...
E mesmo assim, não perco
Não consigo, não comigo,
Essa maldita mania de chorar por dentro
Adiante! Pra viver o que seria
Pois já que não o foi
Adianta ser mais? Quem sabe um dia.
Fruto proibido, hipotenusa do esquecimento,
Só me leva a contemplar
A solidão polifônica de tudo o que é
E julgá-la, atemporalmente, normal
E bela-em-si, mesmo padecida
(pode ser último, cada instante dessa raiz quadrada)
Portanto, não falo do hiperfuturo
Não estou bem certa nem da morte
Que dizem apocalipticamente ser o fim
Meu fim dá-se ao andar na Noite
Olhando sempre ao lado, que lateja,
Mas é como se olhasse através
É uma ausência... Lamento,
É o vazio que sinto por dentro
Responsável por este fôlego
Desregrado por um futuro ditado.