HIPOTENUSA DO ESQUECIMENTO

Só o passado nos é seguro

Ah! Se pudéssemos soltá-lo...

Dor calada tão de repente

Perfaz em mim, violentamente

Esse Universo Solitário

...Ausência e lamento...

Ao controle do Grande Ditador

É também Noite Escura

É Forasteira à qualquer hora

E o mundo chora

Torturado, muito embora

Nada saber, tudo pressentir

É Espírito se consumindo

É o céu que está caindo

É busca incerta por paz

E nesse caos total consciente

Eterniza-se em mim o insurpreendente

Trapezóide inofensivo...

E mesmo assim, não perco

Não consigo, não comigo,

Essa maldita mania de chorar por dentro

Adiante! Pra viver o que seria

Pois já que não o foi

Adianta ser mais? Quem sabe um dia.

Fruto proibido, hipotenusa do esquecimento,

Só me leva a contemplar

A solidão polifônica de tudo o que é

E julgá-la, atemporalmente, normal

E bela-em-si, mesmo padecida

(pode ser último, cada instante dessa raiz quadrada)

Portanto, não falo do hiperfuturo

Não estou bem certa nem da morte

Que dizem apocalipticamente ser o fim

Meu fim dá-se ao andar na Noite

Olhando sempre ao lado, que lateja,

Mas é como se olhasse através

É uma ausência... Lamento,

É o vazio que sinto por dentro

Responsável por este fôlego

Desregrado por um futuro ditado.

Kadja Ravena
Enviado por Kadja Ravena em 24/01/2008
Reeditado em 21/01/2009
Código do texto: T831151
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