Regaço

Sombras me enclausuram.

A solidão da alma

fere mais que a do corpo.

Anseio desvelar-me.

Sinto falta do regaço,

dos braços que acolhem

e preenchem o vazio,

num afago que não tem fim,

como lã a me aquecer.

Ando cansado de abraços perdidos,

de frustrações que corroem,

de angústias que sufocam.

Alimentei o silêncio que pesa --

crença de abrigo.

Onde o abraço que acolhe

e dissipa minha dor?

Preciso deixar fluir a vida,

rever propósitos,

reescrever histórias,

reconstruir um novo agora,

buscar aconchego.

Preciso fazer as pazes comigo,

enterrar a machadinha de guerra,

fumar meu cachimbo da paz --

cicatrizar conflitos,

conversar comigo mesmo,

silenciar meus tambores de guerra.

Que meus lábios não reverberem

minhas idiossincrasias.

Que eu encontre refúgio

na fluidez da vida.

Que o regaço, há tanto procurado, sele minhas dores.

Divino Alves de Oliveira
Enviado por Divino Alves de Oliveira em 13/04/2025
Reeditado em 13/04/2025
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