Tempos 


O tempo escorre
como água tépida
em canos rotos
de soluços infindos 

O tempo passa
como carruagens
em pisos molhados
de solos fechados 

O tempo repassa
no nosso espírito
longo ou curto
em passadas largas
pesadas
num pesadelo de séculos
que se esvaziam 

O tempo curto
para uns
no desespero
para outros 

O tempo longo
com o badalar dos relógios
em campanários
altos poeirentos 

O tempo é aquilo
que nós queremos
ou não queremos que passe
em comboios velozes
por linhas enviesadas
num desespero
daqueles que esperam 

É angústia
que não se encontra
no fim da rua
em passos esperançosos
ou desesperados 

É a corrosão deste tempo
amarfanhado
nas calçadas desertas 

É espaço de uma viagem
em minutos ou segundos
que nunca mais acabam 

Mas os relógios
continuam
no seu badalar.
pedrovaldoy
Enviado por pedrovaldoy em 24/01/2008
Reeditado em 24/01/2010
Código do texto: T830429