O SOLITÁRIO
Rua deserta nublada
há uma desfloração nas árvores,
no sino as seis baladas
orações nos altares.
Chuva fina esborrifante
a minha capa ampara
lágrimas disfarçantes
a dor não se compara.
Só ouço meus passos
rumo ao incerto
procuro um espaço
um mundo aberto.
Noite triste...
Tudo vazio
a chuva insiste
meu conteúdo se esvai como o rio.
Solidão nua
sem vestes...arrepiantes
eu só na rua
tudo destoante.
Diferenças chocantes
deste meu mundo insano
do surreal ao berrante.
Só me resta a procura
das incertezas nas certezas,
aplacar as amarguras
e transmuta-la em beleza.
Continuo somente só
como um oco e um eco na escuridão,
extinguirmos ao pó
ou voltarmos ao embrião.