INFIÉIS
Este é o mundo dos mitos
que os humanos decifram
na esperança de satisfazer a morte
na casa do vizinho
Carros relincham violências nas estradas ensangüentadas de aves e caminhões
elefantes encaracolados riem do mundo complicado que flautistas sem piedade
traduzem na aurora do medo quando estradas são escurecidas
para o amor dos assassinos eternizar a maldição e o deboche
As raízes distorcidas das árvores inauguram o terror na floresta
mas apenas palhaços tiram a máscara com freqüencia
o que fazer quando reis não estão à altura das bandeiras?
Como distinguir a vida da farsa se mágicos pintam números nas paredes
com o sangue dos loucos e dos desclassificados?
O caramujo não ama loucamente Ou ama na loucura da monotonia
Na estrada, ao pôr-do-sol, enxergo a oração
Fique comigo,
os perigos dissolvem frente ao milagre
Sabe? Golfinhos, flores e bebês
juntam-se a nós nos escorregadores
que tornam inesquecíveis os dias, minha bela,
teremos paciência de alcançar o prazer
nos jogos que perpetuam a natureza?
ou nossos carros avançam sinais
só de madrugada
p'ra que a rebeldia não incomode jamais
aos que fazem dela roupa e propaganda de cigarro?
Caminhões entram de marcha-ré na cidade sagrada
aonde a fé o o lixo escondem crimes
mas as flores, o sexo e o progresso
andam juntos, creia,
enganos fazem parte dos diamantes
nesta época em que o vazio transporta o sagrado
Oh pátria fossilizada nos delírios dos infiéis
quando saberemos na verdade quem és?