MAGNUM OPUS
a magna obra de todos agora mortos,
se sobrepõe à decomposição dos corpos.
passa o homem, fica o que dele veio na intimidade com a intocada beleza cuja pureza sempre se renova:
livros, óperas, naturezas mortas e aeroportos.
a letra lida que, antes de ser concebida, não passava de silêncio.
a cor observada que não aparecia entre as coisas que o olho via antes de ser revelada.
todas as coisas inventadas, tudo o que hoje parece óbvio, foi larva; cresceu na branca imensidão, sem contorno, sem estêncil.
o que vier depois de mim também desfrutará de sua glória,
no momento em que eu já terei sido história.
a magna obra de todos quando estiverem mortos,
se sobreporá à decomposição dos corpos
para sempre assim será.