VIVO COMO UMA PEDRA
Sete é um número místico
Tenho na minha testa sete sinais
Sete irmãos tenho, talvez sete mães também
Quando me recolho, à noite, conto sete estrelas antes de adormecer
Com um gibão velho, meu pai cavalga sertão adentro
A caatinga não se enfurece com seu trotar manhoso
Os lagartos pós-históricos até relaxam diante de sua poderosa sombra
Tia Aurora comprou cinco galos
Mostrou-me a pedra onde os degola
Fiquei extasiado com a visão
De uma guilhotina em meio ao deserto
Jurei, ao meio-dia, ser uma pedra
Jurei, para Maria, viver como uma pedra
Como uma pedra, vivo estou
No meu seio se sacrificam séculos
E séculos se passam sob minha tutela!