Com as Penas do meu Cisne Dourado
Repentina anamnésia acorda-me o passado
Reminiscências longínquas perseguem-me as pegadas!
A que vens lamento, paralisar-me a sorte?
Há dois anos-luz do passado quase absoluto deixei-te!
Abandonei-te no rematado pretérito perfeito!
E agora esse choro que se infla e aumenta e avoluma...
Que queres, vivificar minhas dores?
Minhas dores... Já não há!
Volta, lamento, ao teu antigo tempo condizente!
Leva contigo nevascas e outras tempestades
Dragões vermelhos e vampiros gigantes!
Volta ao teu reino de sombras assombradas
Com suas borboletas negras e bichos rastejantes...!
Não há mais como abrigar-te!
Todo o abrigo foi tomado
por um grande cisne dourado
Inteiramente lambuzado de humanidade!
Retorna com tuas cinzas perpassadas!
Há muito ajuntei sobre o meu peito brasas!
Estou no imponderável. No cume do futuro!
Movendo-me no meu universo particular!
Faço nascer o meu dia no meio da noite escura!
Meu sol? Nasço-o por entre tempestagem
A brevidade da vida? Espicho-a
com as penas do meu cisne dourado!
Com elas, torno-me infinda!