Tarde serena
Achava que a vida
Em toda sua melancolia
Conspirava com o tempo
Na imensidão de sua própria
pequenez.
Pensava nisso
Todos os dias
No labirinto de esquinas
De riso imperturbável
A lhe demonstrar muito contrito
Que a tristeza pastava no mundo
Morando fundo-com-fundo
Sem lhe demonstrar o porquê.
Pensava num rito alterado
Num flash back contínuo
Queria que o infinito
Explodisse de alegrias
E que o tempo e a vida
Senhores dos movimentos
Cheios de sabedoria
Soprando forte com o vento
Lambessem a ponta da faca
E entendessem o intento
Compreendessem a agonia
E lhe deixasse um lamento.