Vontade danada
Hoje bateu uma vontade danada
De cantar alto embaixo do chuveiro
O Telegrama do Zeca Baleiro
De sentir-me bem, leve, desencanada.
Hoje bateu uma vontade danada
De remeter os problemas pro inferno
Vê-los partir tal qual grande manada
De escrever música no velho caderno.
Hoje bateu uma vontade danada
De pular, voar, brincar, dançar, correr
De abrir o corpo, alma profanada
Ciente de que um belo dia eu vou morrer.
Hoje bateu uma vontade danada
De deixar livre, solto o meu amor
Sem me lembrar que tanto é quase nada
E que a vida é efêmera como a dor.
Hoje bateu uma vontade danada
Declarar-me alto, claro e em bom som
Adoecer de amor, quedar desenganada
Sentir por dentro como te amar é bom.