Não sou.
Como ousam dizer que sou
BRANCA?
Se em meus olhos vigora o mel
E em diversos pontos minúsculos
Sou preta cor de carvão
Se em minha face,
Como uma pintura
O rosa me invade
E me revela tímida
Se os meus lábios,
A minha unha,
O meu cabelo.
Coro como quiser
Se os meus dentes
Nem eles são alvos
Já amarelaram a nova nuance
Vinda de meus vícios
Se a minha a pele
Exposta ao sol
Faz-me urucum
E ardo!
Como se atrevem dizer que sou
BRANCA?
Se meus ancestrais
Viveram nas senzalas
E herdei força
Se os meus tataravôs
Fizeram rituais sagrados
E respeitavam a natureza
Do solo e do humano
Como têm a petulância
de me limitar
de me catalogar
e sem minha autorização
me incluírem em tamanha ignorância?