o cálice de amor

O cálice guarda o mar revolto,

Sob o sol, a mão do amante,

Brinda ao céu azul, e ao outro azul,

Nos olhos que se perdem,

Atravesando terras sem dono,

Onde os barcos queimam as esperanças,

E as coisas se despem de suas vestimentas.

Não conhece o gole que é engolido,

Nem o apocalipse secreto,

Que, em cada coração, semeia a vida.

E, ainda assim, brindará.

A língua da donzela percorre

O tecido viscoso do desejo,

E amará, por um instante,

Essa imensa vida que lhe trafega.

O destino se dissolve nas ondas,

Do mar silencioso,

Onde as esperanças queimadas flutuam.

O amor, mesmo fugaz,

É a centelha que acende o fogo eterno,

E, no breve encontro,

O infinito se faz presente.