Debulhado...
Debulhado
São folhas caídas,
Folhas cinzentas ao chão
Podres folhas
O frio risca a cidade
A rua, a Lua, o corpo
Ele não tem essa luz
Cai feito pedra
Na pedra do banco
Um jornal, um pequeno pano
Deitado, sujo e faminto
Não é berço esplêndido
É a vida, a fome, o vento
Passam os dias, atrás do que não tem
As noites também não
Corpo e Lua, rua e frio
Outro banco
A praça acolhe, recolhe
São lamentos de uma alma pobre
Pobre em tudo
Pobre em si
Sentado, deitado, escondido
Como um banco
De pedra e de frio
Voou o jornal
Como a vida
Ingrata, insensata
De um banco de praça
Folhas caídas,
São cinzentas
Ao chão,
Podres folhas.
Peixão89