Terremoto

Oh, terra impiedosa! Treme, sacode,

lança ao vento o orgulho dos homens!

Teus grilhões ocultos, que em silêncio dormem,

rasgam-se agora em gritos soturnos.

O povo teme, dobra os joelhos,

mas as preces se esvaem como cinzas ao vento.

A terra brada, e o homem, surdo,

persiste em erguer templos sobre abismos.

No Recôncavo sagrado, a fé pulsa e brilha,

mas sob os tetos, o inferno espia.

Quando ruge o solo e a ira se espalha,

até as cabrucas tremem, trêmulas como corações aflitos.

Oh, vaidade frágil!

Quem nega as falhas da terra

forja sua ruína com as próprias mãos.

No Médio Rio de Contas, as barragens estremecem,

e o mar, inquieto, sussurra ao litoral que seu fim se avizinha.

Os homens dobram-se ao Santo.

O Santo dobra-se à terra.

A terra… apenas treme.