Espírito
Na radical dobra do sentimento
Que não bem compreendo
Se é flexão ou quebra
Um pensamento fixo me atravessa lento
Poderia eu entrar em estado de completo isolamento
Para, por um instante, refletir somente o que vem de dentro
Despido das interferências externas?
Poderia eu, caleidoscopicamente reverberar as ondas
De diferentes frequências, em profundo silêncio,
Como as águas de dois mares que se chocam?
A praia, nas suas ondulações contínuas, me transporta.
Lá já não estou — o eco do meu sentimento alça voo.
Em alguma ilha do pacífico
Ou no delta do Okavango
Eu navego em transe onírico
E algo rabisca no espaço em branco
Do meu estranho espírito.