FEBRE

Faltam ou são tolos

Correm um risco

Uma vida, um risco

Sina do tempo

Um tempo que não pede passagem

Uma voz sumida no ar

Rasgada de dor

Dor de dente

Sem dente, sem teto, sem nada

Tomados pela Lua, pela chuva

De Sol a Sol, bêbados caídos

Das mãos calejadas

E o olhar triste

Um sonho acabado

Sem luz no fim do túnel

Túnel, uma moradia

Sem pão, palco ou panela

É a febre que os assalta

Mata, cospe e vomita

Esse escárnio de fachada

Essa cela maldita

Da voz roufenha

De fala inaudita

O ermo faz um sentido.

O amor é um caso, um perigo

Tantos filhos, tantos trilhos

Assola, isola um ser morto-vivo.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 28/03/2005
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