FEBRE
Faltam ou são tolos
Correm um risco
Uma vida, um risco
Sina do tempo
Um tempo que não pede passagem
Uma voz sumida no ar
Rasgada de dor
Dor de dente
Sem dente, sem teto, sem nada
Tomados pela Lua, pela chuva
De Sol a Sol, bêbados caídos
Das mãos calejadas
E o olhar triste
Um sonho acabado
Sem luz no fim do túnel
Túnel, uma moradia
Sem pão, palco ou panela
É a febre que os assalta
Mata, cospe e vomita
Esse escárnio de fachada
Essa cela maldita
Da voz roufenha
De fala inaudita
O ermo faz um sentido.
O amor é um caso, um perigo
Tantos filhos, tantos trilhos
Assola, isola um ser morto-vivo.
Peixão89