Mente inquieta

Vi passar a vida envolvida em rótulos

Conceitos, julgamentos e definições

Nessa busca infinda de mim mesma

Numa permanente luta de dois eus!

Carregando o peso dos meus medos

entre tristes trilhas em terra de cactos

tramam pensamentos nesta mente inquieta

sem comandos seguem em fragmentos

no moinho-mente, cárcere perpétuo,

Meu carrasco é meu doido intelecto!

Oh! máquina atroz de pensamentos

Produtora de zumbidos incessantes

Abafando a canção que vem da alma

Traz à tona esse barulho inquietante!

Mesmo que se rompam de fora as amarras,

No universo interno existe um cativeiro

Guarida eterna dos meus sentimentos!

Ali solitária eterna vivo, não me dôo!

Coíbe-me a consciência do meu livre vôo.

Ah quem me dera! hoje, quem me dera!

Quebrar os elos abrindo o ergástulo sombrio

Alijar da mente a carga dos meus medos

Liberdade aos pássaros flores e desejos!

Num lampejo do silêncio ouço a canção:

“Desembarace e fuja dessa teia”.

que enreda as emoções mais belas!

Costure no seu corpo um pano de luz

desfaça cada passo turvo dessa tela!”

Miro destemida no espelho e eis:

Um escuro capacete cobre as faces

Uma malha de ferro esconde o peito!

- Quem se esconde sob essa clausura?

Examino bem de perto e em frêmito descubro:

Sou eu! sob a pesada armadura!

Num esforço arranco-a do meu corpo... Fico nua!

Despida dirijo-me ao Reino das Quimeras!

Empresta-me um corpo de cabra, uma delas;

Doa-me também a juba de leão!

E eu então: Fabulosa, escapo do degredo!

E delas exibindo louca a cauda de dragão

De susto mato todos os meus medos!

Vandercy Ribeiro
Enviado por Vandercy Ribeiro em 21/01/2008
Reeditado em 23/01/2008
Código do texto: T826912