Expiação Abstrata

 

Bruma que a mente afaga e embota,

Vem tímida arrefecer o desejo que esgota,

Trilhar devaneios prosaicos outrora esquecidos,

Cobre em pútrida lama o fulgor dos condoídos.

 

Da última hora, o rompante de meu frêmito aflito,

Há de cerrar os olhos ao sentimento sobejo,

Que sorrateiro seduz o inconsciente conflito,

Amargando o presságio maldito de meu ensejo.

 

No ventre da terra, imerso em vultos sedentos,

Ressoa o sepulcro, simulacro dos tormentos,

No altar do desejo repousa tua forma em retrato

 

A promessa que incita a pena em verve criativa,

Refúgio na tinta que embriaga a imagem esquiva,

Daquela que indiferente ao idílio sela o distrato.