Um poema soprado
Estou farto
Já disse, estou farto
De tanta disposição
De tudo jogar pra segundo plano
Estou farto
Da embriaguez dos juízes
Dos juízes em tudo retos e probos
Aceita uma flor, pequena?
Aos infernos
Sim, aos infernos
Homens probos
Homens das leis
E juízes dos homens
Quem julgas hoje, ó Judas das aparências?
Não vês, tua vileza nas esquinas
A fome desfila, a miséria desfila
Moças seminuas passeiam nas calçadas
Ó, paquiderme,
Bufão, paquiderme
É isso que és
Um desprezível bom dia
É isso que te desejo
Ser ignóbil, vil
Cuspo na tua cara a sentença proferida
Estou farto
Aceita uma flôr, pequena
O sujeito probo morreu
O céu está estrelado
Fogos de artifício explodem
Moças seminuas bebem champanhe