Sétimo dia
Foram sete os dias velando
Um de cujus se degradando
Vi em minhas mãos
Símbolo que sinalizava
Crime do sinistro que realizara
Precisei de sete longos períodos agonizantes
Para dar-me por fim alforriada
Da rotina, da disritmia
Da polêmica infeliz monotonia
Que embaralhava os sentidos
E deixava-os amortecidos
Diante de um pleno feliz viver da vida
Encarei minha sentença
Crime passional com atenuantes
Tipifica-se a ré
Ser que, simplesmente,
Não conseguiu amar
Coerentemente
Quem a amou
E entregou-lhe o coração
Em troca de tê-la presente a todo instante
E a pena, com indulgência,
É seguir a sua vida
Pois viver é assim mesmo
Tentativa de ser feliz
Um dia se erra, noutro se acerta
A maior certeza da vida
É não se ter certeza de nada
Só é certo de que vale a pena ser vivida!