Madrugada em SP
Sampa, duas da madrugada,verão, janeiro de 25.
Ca estou no beco da insônia.
Ca estou na janela do quarto a inspecionar a noite estatelada.
Lá fora a luz artificial se espraia com suavidade.
Lá fora, nos becos escuros, o medo apavora corpos,mentes e almas.
Do glamour dos bailes de gala ao rastapé na favela, a noite é de todos.
Cada qual no seu quintal.
Cada qual no seu docel
Pois!
Do inferno ao céu,nos becos e avenidas largas,
anjos e demônios perfazem o homem, um imperfeito animal .
Sim , imperfeito animal!
O bicho homem das trevas ou da luz, a depender da hora do dia.
A depender da cédula monetária, do preço das coisas, do existir.
Da missa ao prostibulo, a moeda é uma só!
A consciência ausente de quem é regido pela selva de pedra.
A consciência presente de quem se entrega aos afetos dessa guerra.
A luta entre o ser e o não ser.
Pois, cada qual é o que,sem nunca ter sido, nunca foi!
Da janela, la fora, a cidade cobra demência.