Feito pedra

Um cansaço monolítico,

um cansaço sem o apelo

de ditá-lo ao outro,

um cansaço de dizê-lo.

É o cansaço único, contínuo,

o de todo dia a custo,

o do problema metafísico,

sem o “quê” do divino cujo.

Do que se cansa?

Pode-se dizer de tudo.

Que o tudo um pouco

furta o fôlego fajuto.

Na expressão mostrado

esse olhar semimorto pedrado,

de quem se faz pedra

em meio de tentar disfarçá-lo.

Mas já muito transparece

esse cansaço inerte

que sempre deixa um alheio.

É do exausto a erosão (que o corrói por inteiro).

Samuel Cavalcante
Enviado por Samuel Cavalcante em 07/01/2025
Reeditado em 07/01/2025
Código do texto: T8235762
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