Feito pedra
Um cansaço monolítico,
um cansaço sem o apelo
de ditá-lo ao outro,
um cansaço de dizê-lo.
É o cansaço único, contínuo,
o de todo dia a custo,
o do problema metafísico,
sem o “quê” do divino cujo.
Do que se cansa?
Pode-se dizer de tudo.
Que o tudo um pouco
furta o fôlego fajuto.
Na expressão mostrado
esse olhar semimorto pedrado,
de quem se faz pedra
em meio de tentar disfarçá-lo.
Mas já muito transparece
esse cansaço inerte
que sempre deixa um alheio.
É do exausto a erosão (que o corrói por inteiro).