Arquivo e foto – Márcia Rasia
JANELAS
Nelas passam rapidamente:
As horas postam à prova
Dos infortúnios
Aos gozos do quarto.
Das incertezas à baixo
Das sutilezas construídas a cima.
Nelas passam lentamente:
Impostas,
Merecidas reverências,
Que só dizem amém.
Nelas traçam sutilmente:
Os beijos roubados,
E os abraços apertados,
Em cubículos mínimos,
Escondidos.
Nelas passam todas as faces,
Com seus sonhos,
E suas realidades.
Nelas passam o passado,
O presente,
E o futuro ausente.
Nelas se renovam a cada dia:
O desejo,
O amor,
A dúvida,
A certeza,
Que não somos eternos,
E que somos inquietos.
Nelas nos levam à algum destino:
À liberdade...
À renúncia...
Às asas da alma...
Transitam...
Janelas...
Dentro do próprio mundo.