O silêncio de Deus

As estrelas apenas cintilam, distantes e indiferentes.

Os buracos-negros atraem tudo para si, famintos.

O Sol me torraria, não fosse a atmosfera da Terra.

Cada cometa, cada asteroide apenas segue sua órbita, imperturbável.

O silêncio do universo, o silêncio de Deus a me falar sem minha escuta.

Natureza sem propósito, vida sem porquê, existência sem porvir.

Tudo se impõe a mim numa oposição agônica ao nada.

Desassossego, desassossego é o que me conforta no medo primordial da noite.

Não vejo nada, não ouço nada; na minha finitude impotente só o silêncio me acompanha.

João Batista Valverde

08/11/2024

João Batista Valverde
Enviado por João Batista Valverde em 28/12/2024
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