Volver à vida
O que tens de tão estranho
é o que está dentro e fora;
no fundo, você se devora,
na superfície, toma banho.
Lava o corpo e a alma
numa pia bastismal
e expurga o instinto animal
com tremenda calma.
O que se fala é falácia,
o que se ouve é silêncio
e não se chega a um consenso
num diálogo sem graça.
Um local sem sombra,
uma via pública,
uma entidade única
que apaga e tomba.
Ouço flautas e violinos,
algum instrumento de corda...
o som da harpa acorda
deuses, anjos e meninos.
Volver à vida é um fato
consumado, definitivo;
é consequência de estar vivo
até que se finde o contrato.