A Viagem

Viaja no tempo da morte

Sente no peito algo mais forte

Vê no nada algo já escrito

Viaja no nada agora infinito

Tem visão das mais obscuras

Ve, na morte, cruéis criaturas

Na eterna dor, que sente agora

Blasfema, grita e chora

Já não se controla o sofrimento

Viaja no mais tenebroso tormento

Tenta a volta, mas só tenta

Preso ao demônio que agora atenta

E vê que o demônio é ele mesmo

Lutar contra si, é lutar à esmo

A viagem à morte é mais voraz

Do que imagina o próprio Satanás.

Liberta agora d'um tranquilo sono

Bate no peio o terrível abandono

Flutua entre temível terreno eterno

falo: Inferno! Inferno! Inferno!

Repousa agora em seu eterno porto

Eis que chega em tua casa, o morto.