Eu olho aquela árvore...

Eu olho aquela árvore

Vejo a fumaça saindo da minha janela

O seu balançar sem sincronia

Suas folhas brincando

Quase nem percebo o movimento

Fumaça e folhas

Uma constante nessa vida

A fumaça de todo o dia

O eterno encontro com as folhas

Mas aí é o seu papel,

O papel de todo dia

Sendo surrado em cada batida da máquina

Indefeso, em chance,

Mas ganhando a vida

Não se esvai como a fumaça

Sintoniza como uma música

O massacre que lhe impõem a vida

Eu e outros sabemos

Sua dura tarefa

Receber cada palavra sem direito a recusa

Ser aviltado em cada mancha, risco e rasgo

Mesmo que sejam as mais lindas pérolas

Eu olho,

E me entrego de alma ao papel.

Martelando em cada espaço

Um pouco do delírio, meu e seu

Como a fumaça saindo da minha janela.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 28/03/2005
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