QUANDO
Quando a loucura crava o punhal
Nas córneas da razão.
Quando o impulso se lança
Na estratosfera das feras.
Quando a ira escava um poço
Desfigurado na alma e lá mergulha.
Quando o ódio azeda o sangue
E o vinagre tempera as madrugadas.
Quando a gula imaginária
Afoga-se na ilusão da fartura.
Quando a obsessão perde-se
Em seu delírio pelo tesão.
É quando se procura incessantemente
Pelo que se tornou miragem
No horizonte do cansaço.
E é quando, somente quando
Sentimos a derradeira vertigem
Da efêmera existência.