QUANDO

Quando a loucura crava o punhal

Nas córneas da razão.

Quando o impulso se lança

Na estratosfera das feras.

Quando a ira escava um poço

Desfigurado na alma e lá mergulha.

Quando o ódio azeda o sangue

E o vinagre tempera as madrugadas.

Quando a gula imaginária

Afoga-se na ilusão da fartura.

Quando a obsessão perde-se

Em seu delírio pelo tesão.

É quando se procura incessantemente

Pelo que se tornou miragem

No horizonte do cansaço.

E é quando, somente quando

Sentimos a derradeira vertigem

Da efêmera existência.

Paolo Christ
Enviado por Paolo Christ em 10/12/2024
Reeditado em 10/12/2024
Código do texto: T8216128
Classificação de conteúdo: seguro