Além do Ouro do Papel
No ouro de uma caneta, a promessa se fez,
Rompeu-se o grilhão, mas e a paz, onde esteve?
No vento, um sopro de liberdade pairou,
Mas no solo, o negro ainda chorou.
Zumbi marchou antes que o papel fosse assinado,
Palmares ergueu-se, um grito silenciado.
A liberdade chegou pelas mãos de nobres senhores,
Mas não trouxe terra, trabalho, nem flores.
Correntes caíram, mas invisíveis se ergueram,
Nas favelas e ruas, os corpos ainda gemeram.
A Lei Áurea foi a chama que brilhou por um dia,
Mas a luta negra é chama que não se esvazia.
Hoje, ao lembrarmos do ouro que um dia marcou,
Sabemos que a liberdade ainda se forjou.
Na pele, na cultura, na luta que persiste,
A consciência negra é força que resiste.