ARRAIÁ (mais ou menos em mineirês )

Quando cheguei lá no arraiá, junto da matriz,

cumpádi Frêdo veiu correndo prá janela.

Me chamou de parte , me deu notícias dela

e me preguntou qué queu fiz.

E eu disse que num sabia , tava lá prós meio dos mato,

achando bão tanto sossego, pescando tranquilo.

E ele me mostrou na maquininha o que ela dizia de fato,

o que ela a modes que pensava de tudo aquilo.

Falei "num pode !", mas o pió é qui pudia.

A môssa tava braba, querendo cuidados e carinho,

óiares e amassos, e paixão de namoradinho...

E eu lá, só pescando, sem saber o que perdia ...

Então pensei discá pra ela, pra explicá tudo,

mas não pudia, queu num sabia o numo dela .

E foi que encostei devagarzinho na janela

e falei foi nada, eu fiquei foi mudo.

Cumpadi Frêdo, perguntei,

será qué isso o tar de urtimato ?

Se for pra entrar , que entre, já sei!

Se for pra sartar fora, eu sarto ???

Cumpadi, se for desse jeito, se for mêmo isso

Intão num vou falar mais nada

melhor pegar logo minha estrada,

sumir no mundo de balaio e caniço...

Melhor levar uma matula para comer,

pra num tê de caçá nim passá necessidade,

e mais umas birita pra pensar nela e bebê,

afogar numas pinga esta vontade...

2012

Henrique Mendes
Enviado por Henrique Mendes em 27/11/2024
Código do texto: T8206702
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