Medo de amar
E se ele não me amar, e s— E se ele te amar?... Hmmm?
E se sua chegada a soleira do meu portão levar para longe o medo que me paralisa, abrindo assim não apenas o portão, mas as portas e janelas da casa, dos móveis, de mim, sem que nada lhe escape de vista? E se nesse ínterim ele vir tudo o que luto para esconder todos os dias, e pior, se depois de vê-los escolher ficar?!! E se—Ele reconfortar-te, e suas mãos afagarem teus cabelos, se for tua pele a ser acariciada, teus ouvidos a serem tranquilizados, teu corpo a ser acolhido em um abraço apertado, e seu sorriso reconfortante te ser direcionado... E se for o outro a fazê-lo por ti, como seria? — Ah, tão prazeroso, cada toque e palavra ainda que hipotética estão aquí, dentro de mim, e isso é completamente assustador!
Que farei com o vazio do meu amigo, meu protetor, guardião, carcereiro, e algoz... O que fazer com o vazio da minha sentinela, aquele que via o amor vindo a mim e o afastava, me fazia correr e me proteger como que de um incêndio hediondo que se acercava? Nunca me ocorreu um dia em que não estivéssemos juntos, o que farei com sua ausência, com a lacuna que seu afastamento me traz?
Não me olhe assim… se ele me conhecer, o brilho de seus olhos diminuir-se-iam, sua curiosidade morrerá, suas mãos se afastarão, sua voz cessaria e seus braços me deixariam, pois não há alma viva que não sucumba à minha monotonía.
Vês? Meu carrasco nunca me deixaria.