AS SEMENTES DA LUZ DO AMOR
Eu carrego nos bolsos sementes de luz,
pequenas e frágeis, como promessas ao vento.
Não são muitas, mas são minhas,
e as guardo com cuidado,
pois cada uma delas carrega um pedaço de mim.
Tenho medo, às vezes,
que minhas mãos desajeitadas as deixem cair,
ou que o solo onde as plante seja pedra,
e o silêncio devolva vazio o que ofereci.
Mas ainda assim, estendo os braços —
pois há em mim um anseio que insiste,
uma esperança que não se cala.
Queria te dizer que não sou árvore robusta,
dessas que oferecem sombra infalível.
Sou mais como um campo em repouso,
que floresce devagar,
que aprende com o toque do sol
e a paciência das chuvas.
Se você vier, traga sua sede,
traga suas feridas,
traga as histórias que o tempo teceu em sua pele.
Eu não prometo respostas,
mas prometo ouvidos e silêncio,
um espaço onde sua dor possa descansar.
Na natureza dos encontros,
não há garantias nem contratos.
Há apenas o desejo de crescer juntos,
como rios que se encontram e, sem pressa,
aprendem a seguir o mesmo curso.
Seremos correnteza e calma,
poço e nascente,
abraço onde a alma encontra repouso.
E se o tempo nos levar para lados opostos,
como folhas que o vento dispersa,
quero que saiba:
as sementes que plantei em você
e as que você deixou em mim
carregarão flores que o tempo não apaga.
Pois o amor, assim como a amizade,
é uma árvore que cresce devagar,
mas cujas raízes são profundas.
E sua sombra, mesmo distante,
sempre encontra uma forma de nos alcançar.