Signo Azul
Te amei tanto
que o azul deixou de ser cor e virou pranto,
um peso que afoga, um céu despedaçado,
um mar sem porto, um barco ancorado.
Eu era maré, fúria e revolta,
você, a praia que nunca se solta.
Fui ondas batendo no teu silêncio,
e você, rochedo frio, tão denso.
Marquei na pele a tua ausência,
uma constelação que nega a existência.
Chorei azul, chorei sal em segredo,
até que a dor se tornasse rochedo.
Talvez foi meu signo, minha casa caída,
ou Saturno em desalinho na minha vida.
Amar você foi perder as estrelas,
vê-las morrer sem jamais detê-las.
Falei de ti ao universo vazio,
clamei a deuses sob um céu sombrio.
Mas o eco foi tudo que me respondeu,
um som perdido no nada que sou eu.
Ainda te vejo no azul que me abraça,
no amor que me queima, que nunca se passa.
Te amo no tudo e no quase finito,
como Neruda amou seu amor mais bonito:
"Se nada nos salva da morte que vem,
que o amor nos salve do nada também."