OS CONTORNOS DO AMOR

Sob a lua cheia, há segredos que sussurram,

não ao vento distante, mas a você,

que abre os olhos para a dança suave das sombras.

O amor não nasce no brilho das estrelas,

mas na rotina — onde o extraordinário

se veste de silêncio,

quase imperceptível,

como o toque da brisa na pele.

Escove os dentes como quem afia palavras doces,

tome banho como quem lava a alma,

despindo camadas de cansaço e dúvida.

Vista-se como se o mundo fosse um convite,

não para impressionar, mas para sentir,

na pele, o frescor de ser você,

único, sem adornos ou máscaras.

Há um ritual escondido na simplicidade:

abra as janelas e deixe o sol das manhãs invadir

como um abraço de luz;

ofereça sua mão àqueles que tropeçam,

sem pressa, sem reservas.

Nos dias em que o cansaço se faz pesado,

deixe um sorriso, ainda que fugaz,

onde antes habitava a sombra da fadiga.

E se a lua cheia iluminar sua noite,

não busque mistérios nas estrelas distantes —

seja o reflexo da sua própria luz,

carregue esse brilho na voz,

nas pequenas gentilezas que ninguém vê,

mas todos sentem, como um perfume suave

que se espalha pelo ar.

E não se esqueça:

há poeiras que se acumulam invisíveis,

não apenas nos cantos da casa,

mas nos recantos do coração.

Faxine, com mãos e coragem,

deixe espaço para o novo crescer.

Amar é isso: um palco limpo,

onde cada gesto é o ensaio de um poema,

uma dança invisível que se faz no cotidiano.

É a geometria das pequenas coisas,

a teia que se tece entre os dedos,

somando cuidado,

deduzindo egoísmo

e multiplicando o infinito nas sutilezas do ser.

No fim, o amor não é feitiço nem fortuna,

é o pulso sereno que bate nos dias de agora,

não raro, mas eterno.

É o gesto simples,

o toque suave,

o sorriso que diz tudo sem palavras.

Sezar Kosta
Enviado por Sezar Kosta em 24/11/2024
Código do texto: T8204179
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