Não vou, nem vim
Numa súbita e tempestuosa palavra, me calo
Não há o que nostalgiar sem que me pereça a alegria
Que um dia, eu me peguei pensando se aguardo
O dia perfeito para me acostar num canto e escrever poesia.
Não, não estou indo de frente contra a maré
Não, nem todas as críticas são feitas com marcha ré
Não, talvez seja só a sua embaçada visão que te persegue por onde vier.
Estou indo, mas não vou, nem vim
Quando saltarem do córrego, esperem por mim
Estou indo, mas não vou, nem vim
É a primeira sensação ao cair, quis logo que fosse assim.
Estou indo, mas não vou, nem vim
Quando sonho e me lembro, de uma boa taça de gin
Estou indo, mas não vou, nem vim
Subo as escadas do meu coração só pra te dizer que sim.
Eu quero viver mais, quero sentir mais
Não me deixe em paz, você pode criar a paz
O silência rosê, no privê só clichê
Abandono as lágrimas e salto para o trivial.
Me perco, me acho, me assombro de mim
Me percorro os pensamentos, não sei porquê sou assim
Queria ser como um jasmim e perfumar teu ambiente
Mas sou como o carmim no teu impio sangue saliente.
Não vou, nem vim
Nem estou indo
Eu sempre estive lá
E você nunca me viu saindo.