Noite de Tempestade
Hoje não terá nenhuma festa
Apenas o céu tempestuoso
Se eu chorar é porque me resta
Algum canto misericordioso
Será noite longa, dura e fria
Nossas vidas para além de nós
Se rezarmos é para chegar o dia
Talvez a alvorada nos traga voz
Cairá a chuva salgada e fina
Controlada pela mão silenciosa
E molhando o rosto de menina
Ferindo o olhar de onda raivosa
Hoje não haverá nenhuma dança
Apenas raios, relâmpagos e trovões
Entre o gosto doce de vingança
Entre o som amargo de palavrões
Será a noite mais densa, obscura
Nossos sonhos feridos e cansados
Se tentarmos será mera loucura
Serão os gritos pelos pingos abafados
Desmoronará o céu em água cristalina
Medida pelo som da voz intensa
Escurecendo a história sem sina
Inundando essa ferida imensa
Hoje não terá mais madrugada
Apenas as nuvens desde lugar
Os trovões da tua voz irada
E a tempestade do teu olhar