Inimaginável

 

O inimaginável escorre pelos beirais do não-dito.

É quando o olho aprende a colher as cores do silêncio.

Tem asas de cobra e conta o que nunca existiu:

Uma semente que plantou um rio em pleno deserto.

O inimaginável brota do verso entortado,

Onde as palavras se despem do sentido

E dançam molhadas de vento, como se fossem

Passarinhos bêbados na madrugada.

É um caramujo que carrega o tempo nas costas

E deixa rastros de eternidade na areia do agora.

É o riso do mato que gargalha sem motivo

E transforma um graveto em máquina que voa.

O inimaginável mora no subúrbio do avesso,

Onde o chão tem saudades de ser céu.

Lá, os peixes constroem ninhos nos galhos das nuvens

E o silêncio assobia uma poesia de cordel.

Porque no inimaginável,

Até as sombras inventam luzes para nascer

E o mundo incrédulo aprende a desmorrer

Em cada curva alada do impossível.

Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 22/11/2024
Reeditado em 22/11/2024
Código do texto: T8202789
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