Escrivaninha
O que cansa, também por vezes desanima, já não transcrevo o que sussurra a minha alma, escrevo muito mais em pensamentos, silenciando algumas pobres linhas, feito frágeis bolhas de sabão sem rumo, voam... sem um olhar de afeto ou indiferença, ao mais leve sopro, expiram, sentir, só sentir ela sabe que esta é a sua sina.
Em pensamentos posso dizer, que existo... paro, nessa imensa distância, à mesa da imaginação, o cansaço do meu corpo prefere na cama repousar, ainda assim quero... mas desisto. Escrevo em pensamentos, não posso mais com afinco à escrivaninha me curvar, porque o que sinto hoje, é sem importância, um fogo apagado, que não preciso externar.
Das flores que pela vida colhi, uma a uma guardei, para as suas sementes no meu jardim e nas próprias ilusões plantar!
Arquivo uma desilusão, às fantasias que me restam, pelos ares em pensamentos as levo até as estrelas, para um velho amor quem sabe, por instantes alcançar. E quando o alcanço, fecho os meus olhos, adormeço, estou cansada, volto a sonhar.