Cantiga do encontro

Falaste do sol que molhou o chão;

falaste da água que esquentou a terra;

falaste do gelo de tal coração;

falaste da montanha alta e bela.

Eu te respondi sobre o calor dos homens,

que ainda são quentes,

ferventes em suas emoções que consomem

o íntimo de nós, ainda lactantes.

Tu olhaste a vida posta em roda

sem correr do tempo que a marca

e coloca em rota

a torta história da praça.

Eu cheirei o elo do bem-querer

para saber se ainda valia a pena

sentir o calor dos homens pra viver

esta vida sem que seja obscena.

Tu encenastes a flor da balada,

que embalava sonhos de garotos,

moços no meio da sinuosa estrada,

marujos do mar revolto.

E aí terminou a cantiga,

festiva até certo ponto,

onde entra a descrença antiga

do homem em constante desenco

Thiago Sobral
Enviado por Thiago Sobral em 20/11/2024
Código do texto: T8201506
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.