Estado de Sítio
Ora vejam só/
Noite e dia/
Latentente pulsa o sofrimento/
Sobre a miséria e o lamento/
Dessa dor/
Que vítima/
Os menos afortunados/
Na verdade todos são malogrados/
Aprendeste na academia do lado/
Que a carta magna/
Iria mudar a dura realidade/
Há quem diga/
Diante de tantos fatos/
Que os quadros expostos/
Norteiam a liberdade/
Homem sempre será homem/
Como a nesga dessa ordem/
Entendi cedo/
Lendo nos anais/
Que as glórias dos passados ancestrais/Foram desmascaradas/
Nos deixando a sangue de nada/
Tal qual os oportunistas/
Que como artista/
Na euforia do cenário/
Souberam amordaçar a ditadura/
Exílar os seus patrões/
Negociando pra si bases individuais/
Mas pergunto extemporâneo/
Se há Democracia/
Por que a justiça é tardia/
Por que se fomenta esse caos /
Por que nos pulpitos/
Lobos ensandecidos/
Se desgastam a falar irados/
Palavras e palavras/
Entre as paredes frias/
Das câmaras e galerias vazias/
Sem resultado/
Por que acordos são assinados/
Nos braços da corrupção/
Imperfeição humana/
Ambição ou egoísmo/
Dessa geração/
Não me permito entender/
Que as raizes são nocivas/
E o legado é inutil/
Pois na zona de conforto/
O teu filho chora a fome/
Que sabes alimentar/
A educação, que sabes educar/
A proteção que sabes dar/
Então por que teu povo /
Tem que sangrar/
A consciência até adormece/
Quando se esmola, quem vos pede/
No cruzamento das vias/
Mas o que deve-se tomar/
Como atitude/
Se amiúde ao luar/
O sistema impõe o colar/
Com uma representação vulgar/
E sem questinar aceitas/
Por um par de favores/
Vendes facil teus amores/
As enfermidades da carne/
Mesmo com a angústia das verdades/
Queimando-te a boca/
Confidencias as ruas/
Como loucas/
Indiferentes te permites labutar/
Passando ao lado /
Das desigualdades e da fome/
Só pra acostumar/
Esgueirando-te do fogo/
Para não se queimar/
Assim como você, eu sigo/
A ouvir desse purgatório os gemidos/
Resilientes vociferar/
Tanta coisa, que soa como morta/
Mas não reverencio o luto/
Sinto e grito/
Choro e morro/
Vejo as dores que andam/
E ainda mutilam com vontade/
De matar/
O futuro do passado/
Que já sem perceber/
Como pecadores imperdoavéis/
Teimamos em cada amanhecer/
Só a continuar/