Unânimidade

Eric do Vale

Não faça de um pecador

Um santo ; ainda que esse

Tenha se regenerado, pois

Haverá, sempre, alguém

Para falar do seu passado.

Por mais que sejamos

Detentores de virtudes,

Existirá, sempre, alguém

A fim de nos olhar, de forma

Bem aprofundada, e com

O seu dedo indicador

Os nossos defeitos apontar.

A humanidade, por mais humilde

Que seja, gosta de ser desumana,

Só por que tem o prazer de, na condição

De seres humanos, nos relegar.

A humanidade, quando quer

Achincalhar, não vem com

Esse papo de que "tudo é passado",

Pois passam sempre a procurar

Alguma coisa que venha a difamar

E, até mesmo, poderá destronar

Quem quer que seja; seja ela quem for.

A humanidade, quando quer,

Pode ser desumana e, se quiser,

Pode vir a se tornar unânimidade.

Essa unânimidade, travestida

De humanimidade, muitas vezes,

Se arriscam em riscar quem quer

Que seja da sociedade, seja qual

Razão for, uma vez que fazem

As vezes de Tribunal Da Inquisição.

Esse Tribunal De Inquisição

Composto pela Humanidade

Compõe a Unânimidade

Que se decompõem em burra.