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Igreja N.S. da Conceição em Realengo - Rio de Janeiro

 

 

 

EVOCAÇÃO  


Real Engenho das festas
na Igrejinha modesta,
do cinema às quintas feiras,
das quermesses, das fogueiras
e do preciso momento,
em que a medo e deslumbrada,
descobri o amor primeiro
- doce fruto ignorado.

Real Engenho bendigo
os longos anos
em que pisei teu solo suburbano
e a placidez das ruas tão discretas.
Onde eu andei... voei de bicicleta
gozando a brisa em meus cabelos soltos
na avidez das novas descobertas.

Real Engenho - ecos do passado,
da juventude, do sonho, da magia!
Cheiro de mato um pouco almiscarado,
rumor de passos e a louca alegria
a me envolver num apertado abraço
quando chegava... na hora que partia.

São fatos, são fotos, são atos,
que surgem, assim, de repente
e atravessam minha mente
trazendo de volta as lembranças,
trazendo de volta as saudades.

Tempo bom, de brincadeiras,
em que a vida aventureira,
fecunda, se abria em promessas.
Algumas vingaram, brotaram,
deram frutos bem depressa.
Outras nem desabrocharam...
morreram no nascedouro
em berço esplêndido de ouro
por força da sorte adversa.

Nem por isso trago mágoas
ou desgostos em mim guardados.
Cresci, cumpri o destino
que além me foi traçado.
Já, agora, em pleno ocaso
fecho os olhos e, em pensamento,
retorno nas asas do tempo
e, de novo, te contemplo
meu querido REALENGO
doce, puro, inda intocado.


                                                               Morei em Realengo dos 12 aos 24 anos 
                                                                             Belos tempos, belos dias...