Terra mãe
Busco-me inteira no universo criativo no qual me inscrevo, das infindáveis histórias, de parte em parte, que são de vida e de morte viva, de guerra e prazer arisco, que se deu no céu, que também é meu, ou no minério que se agrega e retorna, tudo estruturado em pedra que, diante do novo, se cala, mas, aderida ao seu fim, se acomoda ao meu tempo em um presente que se estica. Das feridas de um momento ancestral de monstros e devaneios, de lagos que escarram fogo e arranha-céus que ameaçam meu rosto, ficaram cicatrizes que ajustam o meu corpo aos meus estratos dinâmicos, que se conformam àquilo que busco, que se conformam àquilo que sinto.
Nada em mim escapa naquilo que crio e transformo; da totalidade seminal de olhares que me encerra em meu mundo, emerge a vida que em mim se instaura no tempo em que ela enclausura e reflete, transmutando criatura em criador. Sou a busca de mim que se busca na totalidade de quem me conjuga e na razão do que é singular. E, como arquiteto das minhas formas, surpreendo-me com este olhar que é falta e que se singulariza nessa estética da morte do ser dobrado em reflexões impulsionadas pela negação que se mostra escondendo.
Andei em minha inteireza de suporte e raiz, nos meus tempos superficiais e profundos, nos montes e na terra abissal, que esconde os seus monstros, e em nada, nem no distinto ou no geral, encontrei a razão que estruturasse o sentido do seu fundamento em mim. Pois não é daqui, desnaturado daquilo que é pleno, o seu desejo é literalmente de ser neste mundo. Acompanho-te de perto, pois me incompleta naquilo que me desorienta, naquilo que em mim raia.