TEMPO DE GARÇAS MAGRIÇAS

Garças brancas e magriças

Aladas de suas preguiças

Voam no céu sobre a orla

Outras delas despencam e descansam

Pousadas sobre ilhota pétrea

Cercada de água salgada e fétida

Do mar empoçado de agora

Tudo em volta chora

A beira, na mata, embrenha

Casas, galpões e até sereias

Umas belas e outras feias

Ao fundo do horizonte

Dorme o velho templo

Esplendor sobre íngreme penha

Que o bairro de mesmo nome desenha

E num triste fundo de vidas

Destinos e florestas escalpeladas

Natureza e pedra, de tanta ira, ficaram caladas

Desde o dia em que as garças

Entenderam que foram fotografadas

Roberto Armorizzi
Enviado por Roberto Armorizzi em 18/11/2024
Reeditado em 18/11/2024
Código do texto: T8199199
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