TEMPO DE GARÇAS MAGRIÇAS
Garças brancas e magriças
Aladas de suas preguiças
Voam no céu sobre a orla
Outras delas despencam e descansam
Pousadas sobre ilhota pétrea
Cercada de água salgada e fétida
Do mar empoçado de agora
Tudo em volta chora
A beira, na mata, embrenha
Casas, galpões e até sereias
Umas belas e outras feias
Ao fundo do horizonte
Dorme o velho templo
Esplendor sobre íngreme penha
Que o bairro de mesmo nome desenha
E num triste fundo de vidas
Destinos e florestas escalpeladas
Natureza e pedra, de tanta ira, ficaram caladas
Desde o dia em que as garças
Entenderam que foram fotografadas