No dia minha mãe me levou para a roda dos enjeitados
No dia minha mãe
Me levou para a
Roda dos enjeitados
Ela chorava comigo
Nos braços e me
Abraçava com mais
Afago enquanto caminhava
Por aquela estada
Estranha cheia de
Árvores pedras
E longa grande
As lágrimas quentes
De minha mãe
Molhavam meu
Rosto meu ombro
Quis chorar também
Mas não entendi
Porque choraria
Não estava sentindo
Fome nem sede
Nem alguma dor
Não estava sozinho
Me mãe estava
Bem pertinho de mim
De repente estende-se
No final do caminho
Uma casa enorme
Minha mãe parou
Soluçou mais forte
Me encheu de beijos
E abraços e me
Pediu milhões de
Perdões porque
Iria me deixar ali
Ela falava e eu
Nada entendia
Olhava para ela
Para o caminho
Onde viemos
Para a casa enorme
Foi então fui
Depositado numa
Roda enorme
Do lado as minhas
Coisas e numa
Ação súbita
Pôs a roda a
Rodar e eu entrei
Dentro da casa
Quando vi o mover
Do círculo pus-me
A chorar e percebi
Ficaria apartado de
Minha mãe
Senti falta de
Seu colo quentinho
E dos seus seios
De onde sugava
O líquido aprazível
Quando sentia fome
Quando a roda parou
Estavam diante de
Mim umas senhoras
Com uns trajes
Esquisitos eu nunca
Havia visto iguais
Antes e uma delas
Me pegou e tentou
Me consolar do
Choro intenso
Ouvi outros choros
Como o meu
E percebi ali
Estavam outros
Meninos e meninas
Não lembraria
Depois mais nada
De minha mãe e
Me esqueceria
Para sempre desse
Momento da vida
Mas quando a roda
Circulou pela primeira
Vez foi como se
A terra tivesse
Feito o movimento
De rotação
Ao contrário
E não sei de
Onde vim
De quem sou
Filho onde
Nasci se tinha
Um nome anterior
E quem sou
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 05 de setembro de 2024