Rua Alecrim
Na suave e moça Vila Girassol,
o sol pinta em ouro cada esquina,
pela Rua Alecrim, vê-se o arrebol
estendendo-se, em cores, vida fina.
Das portas e janelas, ali, entreabertas,
Parece exalar o aroma...de alecrim,
Nascem as manhãs, vistosas, despertas
ao toque afável, de vida, de jardim.
Os passos lentos de alguns passantes,
dos caros poetas, de olhar tão leve,
percorrem, sóbrios, a rua dos amantes,
onde o coração ao derriço se atreve.
À noite, o luar é manto, bela sina,
afagando a pele, ao soprar do vento;
nas sombras, cada alma é menina,
a sonhar, sem medo e sem lamento.
Luzes discretas se acendem, cedo,
aos olhos que brilham de boa esperança.
Na calma Rua, de tão singelo enredo,
cada estrela ensaia a sua nova dança.
Crianças correm, livres, soltas, nuas,
no afago atrativo do entardecer;
na Rua Alecrim, celebram-se as luas
do sonho menino, de um novo alvorecer.
O sol se esconde, para além das cores,
e a noite, ali, cai, mansa e fiel.
eis a harmonia da rua dos amores,
refletida em azul, espelhada no céu.
Assim segue, num doce compasso,
na Rua Alecrim... Prazeres e destino;
A encenar, em cada esquina, o laço
de belo começo ou, talvez, desatino.
Messias, 06.11.2024