C o n v i c t u s
Adentrei-me no interno do ateliê e tomando em mãos os pincéis, abarquei
Na tela… decidi pintar o meu próprio rosto… Então… parti com o gosto de sangue
nas veias da arte. Ao meu lado, restava-me, nada mais, um espelho velho, tornado
pela uma moldura de jacarandá… demonstrando assim o quanto nós havíamos em
comum… museu, meu eu… velhice ardil. Ao abrir o tinteiro, notei que só havia três
cores: Marrom, preto e cinza… o branco gelo era o teto que me cobria. O enorme
céu azul… com nuvens redecoradas pelas minha ideias.
Sentei de perfil junto ao reflexo de minha tão nobre imagem, começando a perceber
que na falta de minha existência, o que sobrara fora expelido pelo ralo da dignidade
extirpada pela alma denegrida pelo o avassalador eu não… quero. Valendo!
Sangue
Suor e Lágrimas.
Palco das velhas manias que jogam os seres dos bastidores da ferida aberta sem
chances para cicatrizá-la… E assim nós jamais saberemos quem foi o autor o
produtor dessa cena brutalizada pela fome, morte… desfecho do desperdiçar numa
mesa para faltar covardemente em outra. E mesmo sabendo que o nosso planeta
vem desaparecendo, o homo sapiens continua explorando a velha árvore da
ciência do bem e do mal. Lenda essa a milhões de tempos, cujo crédulo dorme em
tumbas criptografadas pelos nossos brinquedos eletrônicos… e assim partimos do
pressuposto que a ideia é reciclar. Barro, costela e serpente… recicláveis.
Recipiente cravado em argila crua… cujo tesouro está incutido nos corações
daqueles que os possuem… poluem. E cada qual abrindo um buraco na camada de
ozônio para certificar-se que o erectus possui razão de sobra para: desistir,
Enquanto que o jargão é: O patriotismo fora sugado pela falta do amarelo ouro do
céu azul das verdes matas estrelas vigentes e menos ainda: cem calotas,
derretidas pelo o bureau da aurora. Quando girei o dorso fui devorado pela minha
atomicidade de esculpidor. Amante da arte e das letras. Entretanto… Aqui jaz… em meu berço turvo.
O espelho estourou e por terra fora minha imagem. Seremos extintos como nossos
ancestrais dinos… saarianos? Não quer pagar para ver com o coração, uma vez que
os nossos olhos estão cegados pela luxúria do ter e o abandono do ser.
Se sou, logo leio existindo e resistindo ao massacre do agra que pode ser fatal.
Não nos interessa. Importa mesmo é onde irei comprar
minha árvore de natal. Sacou?
Secou… adeus era do gelo.
Resta-nos a saída de emergência.
Porta do fundo? Qual?
Avie-se: aí está chegando…
a memorável arca-de-Noel.
O féretro sairá da Rua do nada, s/n, bairro da inexistência,
sem referências.
Minhas condolências…
Mea culpa..
Padecemos por não termos mais
onde contemplar a minha história.
Relate-a se puderes.
Apague a luz e feche os olhos, meu amor.
Sabor de: eu quero mais…
Diga-lho…
antes que parta.
eles nos são necessários.
Editada em 13.11.24
Eugênio Costa Mimoso.