A Beleza na Amargura de Augusto dos Anjos

Sempre releio os soturnos poemas

De um dos meus mestres literários,

Augusto dos Anjos, ícone da nossa literatura,

Que traduz de forma pujante o desencantamento,

A melancolia em relação ao cosmos.

Eu e minhas poesias se identificam com

A consciência em forma de morcego

Que sempre entra sorrateira em meu quarto.

Filho do carbono e operário das ruínas humanas,

Na poesia do paraibano, a vida é crua,

A dor é certa, a morte é nua, sem véus de conforto.

Mas há na escuridão uma verdade pura,

Que ensina a ver beleza na amargura.

Ler a poesia de Augusto é experiência singular,

Seus versos densos, vocabulário científico,

Desafiam o leitor a refletir sobre a morte,

A existência, a dor, a angústia, a ingratidão,

O acostumar com a lama que a todos espera.

Uma introspecção nas questões fundamentais,

Reflexões sobre o beijo que antecede

O escarro, a mão que apedreja.

Versos sobre carnes em decomposição, vermes,

Criam experiência sensorial intensa ao leitor.

Uma poesia carregada de pessimismo,

Que leva a refletir sobre os escombros

Do homem e o sentido de sua vida.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 12/11/2024
Reeditado em 12/11/2024
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