SAUDADE É ALGO QUE FICA DE ALGUÉM QUE NÃO FICOU
Eu sou só uma mãe sofrida
Uma avó que já foi querida
E ficou sozinha a penar
Mas toma cuidado, filha
Logo meu sol já não brilha
E não mais vou te procurar.
Um dia desses qualquer
Eu não vou mais te ligar
E talvez possa desejar
Que eu tivesse vivido
Mais dias para aproveitar
Seu pouco tempo comigo
E ter meu colo como abrigo
Mas aqui não vou estar.
Um dia desses qualquer
Eu não vou mais te dizer
Para parar de brincar.
Pois logo ao amanhecer
Deverá se levantar
E então se arrumar
Pra mais um dia vencer.
E nesse dia com certeza
E com a mais justa presteza
Não vou mais te dar conselhos
Mas vai olhar no espelho
E ver que eu tinha razão
Que minha grande obsessão
Era só por te amar.
Achava que o que eu dizia
Não era o certo pra você
Que eu estava a me meter
Onde eu não era chamada
E eu era só obcecada
Para não te ver sofrer.
Então você voltará
A casa onde sempre ia
Em tristeza ou agonia
E pode ser que chore até
Pois ao entrar naquela casa
Agora triste e sozinha
Lembrar que pra você sempre tinha
Uma xícara de café
Um dia a minha voz
Já não será mais ouvida.
Não mais te direi:" querida
Vem aqui me dar um abraço".
Pois terá rompido o laço
Do fio tênue da esperança
Só restarão as lembranças
Do que um dia vivemos
Pois o tempo passa rápido
E não espera por ninguém
Não é por mal nem por bem
Fomos nós que o fizemos.
E eu preferiria
Não ver chegar esse dia
Não te ver na agonia
E saber que vai sofrer
Sentirá no corpo um frio
E no coração um vazio
Difícil de preencher.